sábado, 13 de março de 2021

A minha rinoplastia – parte 6: A recuperação e a remoção da tala

Segundo me disseram mais tarde, eram 17h40 quando iniciaram a cirurgia, e esta tinha durado duas horas. Acordar da anestesia foi uma experiência pouco suave. Estava altamente pedrada, e demorei muito tempo a ganhar consciência. Sentia um peso atroz na cabeça, que me fazia sempre voltar a perder os sentidos, de cada vez que tentava mover-me. Foi-me estranho porque não me tinha sido tão difícil despertar da operação de há onze anos antes. Pareceu-me estar ainda no bloco operatório, porque reconheci logo as mesmas janelas enormes. Das primeiras coisas que me apercebi foi que já tinha anoitecido. Chamei por uma enfermeira, mas tinha muita dificuldade em falar. Quando finalmente consegui fazê-lo, pedi-lhe ajuda para me levar à casa de banho, em modo completamente zombie, e ao voltar a deitar-me, ainda voltei a adormecer algumas vezes.

Estive nisto até às 21h, hora a que cheguei ao quarto. Percebi que tinha as narinas obstruídas com algum tamponamento interno, mas já sabia de antemão que era algo leve, e percebi, com bastante alívio, que conseguia respirar, ainda que pouco, pelo nariz. Disseram-me que ia ter alta às 23h, mas entre problemas para imprimrir os meus papéis da alta, atender a situação urgente de um bebé ali perto e fazerem-me um "bigodinho" novo, (o da cirurgia já estava um pouco ensopado), só saí do hospital à uma da manhã. Nunca cheguei a ver o doutor nem o enfermeiro. Em casa, não foi fácil dormir com a cabeceira da cama cheia de almofadas, para manter a cabeça na vertical. Apesar de conseguir respirar um pouco pelas narinas, foi pela boca que tive de respirar mais, e acordei algumas vezes durante a noite com alguma tosse, devido à rouquidão da garganta, seca da respiração. Tinha pela frente oito dias de recuperação, antes da remoção da tala na consulta pós-cirurgia, com o doutor.

O enfermeiro da My Face, que se colocou à disposição de estar sempre contactável comigo, ligou-me no dia seguinte para me indicar os cuidados a ter nessa semana:  para além de ter de fazer paracetamol e antibiótico diariamente, para evitar qualquer possível dor, teria de fazer a lavagem das narinas com um produto de limpeza nasal, e ter o máximo de repouso. Também me alertou para o facto de que a cara iria inchar nos 2-3 dias seguintes, que esses seriam os mais desconfortáveis, e que seria perfeitamente normal. Deu-me ordem para remover o “bigodinho” (a compressa cilíndrica aplicada debaixo do nariz no fim da cirurgia para impedir hemorragias), uma vez que já não sangrava, e mandou-me fazer gelo no rosto uma vez por hora, sem nunca tocar na tala. Segundo ele, os pensos que tinha nas narinas iriam ser expulsos naturalmente pelo organismo, ao fim de 24h.

Apesar de nunca ter sentido dores, o segundo dia foi o mais desconfortável para mim. Não só estava super impaciente para que os pensos saíssem, como acordei nessa manhã com um ardor horroroso e inesperado nas narinas. Após ligar ao enfermeiro, este mandou-me diminuir o intervalo da medicação, introduzir um segundo analgésico, e rapidamente o ardor foi passando. O queixo, que estava negro das injecções de ácido hialurónico, começou a recuperar a sensibilidade, apesar de estar muito inchado; o penso de uma das narinas (uma pequena banda retangular parecida com uma pastilha elástica, daquelas fininhas) saiu sozinho durante uma das lavagens, e comecei a respirar um pouco mais. 

Porém, a garganta continuava arranhada de tanto usá-la para respirar, e sentia que não fazia outra coisa senão meter medicação à boca, fazer gelo, limpar o nariz com produto e vegetar na cama, à espera que as horas passassem, todo o santo dia. Sentia-me sempre ligeiramente zonza e a sentir um grande cansaço físico. A anestesia tinha sido muito forte e, se durante os primeiros dias estive sob o efeito atordoado dos seus resquícios, nos dias restantes andei sonolenta devido à analgesia. Não conseguia estar mais de quinze minutos de pé, pois o corpo sentia-se fraco e “pedia” que me deitasse. Tinha andado muito enérgica e ocupada todo o mês, e estar tão parada deixava-me extremamente impaciente. Também comecei a sentir mais o peso da tala, sobre o nariz, e dei por mim a perder disposição para tudo aquilo e a desejar que o tempo não demorasse muito a passar.

 

Quarto dia de recuperação. Isto foi o mais negra/inchada que fiquei. Nada mal, comparando com os muitos casos em que os pacientes ficam com um aspecto meio "desfigurado." Já estava era impaciente ao máximo.

As poucas nódoas negras que tive começaram a escurecer e a desaparecer ao terceiro dia, mas, por sua vez, as bochechas começaram a ficar mais inchadas. Como já esperava isso, não estranhei. O que me incomodou sempre mais, ao longo dos dias, foram as dores de garganta, que persistiam. Pensei que, inconscientemente, a tinha habituado para continuar a fazer a respiração no lugar do nariz, à noite, talvez com medo de forçá-lo. Mas depois senti que tinha, de facto, uma feridinha na garganta – talvez derivada da entubação da cirurgia. O penso da outra narina saiu ao quarto dia, e passei a respirar pelo nariz quase a cem por cento, o que não acontecia na totalidade pelo mero facto de que o interior do nariz estava naturalmente inchado. O sexto dia foi o dia em que me senti melhor. Também foi o dia em que passei a fazer apenas o antibiótico, comecei a sentir-me menos tonta e a recuperar algumas forças.

No dia 22 de Fevereiro, voltei à My Face para a remoção da tala. Não tinha pontos a tirar, porque me tinha sido feita uma rinoplastia fechada, em que o cirurgião faz a operação sem cortar o exterior do nariz nem abri-lo, mas antes modificando-o por via interna. Fiquei entusiasmada com o resultado, que ainda não seria o resultado final. O nariz estava inchadinho, mas estava definitivamente mais elegante. Acima de tudo, fiquei espantada com o quão natural ele parecia. Senti que, de certo modo, sempre ali esteve, pois caía no meu rosto como uma luva. Nem sequer me lembrava já do anterior. O doutor ficou muito satisfeito com o seu trabalho, disse-me para parar com a aplicação de gelo e substituí-la pela aplicação de arnica, para acelerar o desinchaço, no nariz e no queixo. Desaconselhou-me a maquilhagem e o skincare, pelos quais teria de esperar mais uma semana. 

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