terça-feira, 2 de março de 2021

A minha Rinoplastia – parte 4: A primeira consulta

 No dia da minha primeira consulta, a 3 de Março, levei comigo um relatório que tinha escrito de antemão, com um resumo daquilo que tinha sido o extenso historial relativo aos meus problemas respiratórios, bem como todos os meus exames mais recentes. Quis sobretudo que o médico entendesse que eu não era só mais uma cliente de nariz grande, cheia de complexos, a querer uma rinoplastia puramente estética; queria, primeiro que tudo, respostas para a parte funcional do meu nariz - e uma solução para ela.

Não só o Dr. José Carlos me fez sentir segura e ouvida, não defez das minhas queixas, não me tranquilizou falsamente, argumentando que “não precisava de operar o nariz, uma vez que ele era muito bonito,” ou ainda que devia simplesmente parar com as minhas “queixas infantis.” (Algumas destas estupidezes foram-me ditas durante anos, por outros médicos, no serviço público.) Pelo contrário; depois de examinar o meu nariz, por fora e por dentro, ele tirou algum tempo para me dar uma mini aula sobre como funciona o nosso nariz e o porquê de não conseguir respirar bem da narina direita. Basicamente explicou-me que o nosso nariz é dinâmico, que o seu interior é esponjoso, que ora expande, ora contrai, conforme diversos factores, sendo dois deles a temperatura e a actividade do corpo (sobretudo na ausência dela, como acontece ao dormir). Explicou-me que um desvio era sempre um desvio, e que, por muito que fosse ligeiro ou visivelmente imperceptível no exterior, no caso de algumas pessoas, como eu, poderia ser obstáculo suficiente à normal respiração; enquanto que outras pessoas, com desvios maiores e mesmo exteriormente visíveis podiam viver perfeitamente bem, sem qualquer tipo de dificuldade respiratória. Bottom line: cada caso é um caso.

Antes de sair do consultório com a certeza de que queria seguir em frente com aquilo que seria uma septoplastia promissora, quis conversar com ele sobre a parte estética do meu nariz. O que me disse sobre a aparência do meu nariz foi: “Sendo honesto consigo, não tem um nariz feio. Tem, na verdade, um nariz que não discorda com o resto dos seus traços. Se é um nariz sem problemas estéticos? - Não.”

E concordou comigo naquilo que eu já sabia que não gostava assim tanto nele: era, de facto, um nariz projectado, com uma ponte muito elevada (aquilo a que chamamos a “cana” do nariz), a começar muito perto da testa, curvando para fora e descaíndo para baixo. Tinha uma bossa pelo caminho e as narinas eram grandes.

Sem qualquer compromisso, dirigiu-me a uma sala ao lado da do seu gabinete, onde entrei num pequeno estúdio de fotografia e onde me tirou algumas fotos ao nariz, de vários ângulos. Na hora, mostrou-mas no seu tablet e começou a alterá-las digitalmente à minha frente. Ambos conversámos sobre o que seria feito, caso optasse também pela cirurgia estética. Era muito importante que ambos estivessemos em concordância quanto à minha visão de um nariz melhorado. No entanto, não basta termos uma ideia mental. Não há dois narizes iguais e o nariz tem sempre de harmonizar bem com o rosto. Desengane-se aquela malta que acha que pode pedir o nariz igual ao desta ou daquela celebridade, porque isso simplesmente não é possível. Ele vai sempre ter de combinar com as vossas restantes feições, que são únicas para cada pessoa.

O médico retoca digitalmente as fotos do nariz do paciente, consoante os seus pedidos, até à obtenção de um resultado em que ambos estejam de acordo.

No meu caso, sempre soube que, se fosse em frente com a decisão da estética, iria querer um resultado natural; um melhoramento, e não uma mudança drástica. Por muito comprido que o meu nariz fosse, tinha plena noção de que não queria (nem podia) ter nunca, por exemplo, um nariz demasiado curto ou fofinho, sem que ficasse descaracterizado; Gostava de inverter a curvatura dele e tê-lo a curvar para fora, mas com um ângulo ligeiro e natural, não demasiado acentuado. E das coisas que mais enfatizei ao doutor que não queria mesmo, era ter a ponta arrebitada ou pontiaguda. De todo. Vejo uma tendência muito grande na preferência por narizes cuja ponta fica projectada para cima, e repudio isso com todas as forças, pois é o que pessoalmente acho de mais artificial, num nariz. Concordámos em dar-lhe um ângulo mais  horizontal, que ajuda muito na obtenção de um resultado mais subtil e natural.

 O final de todos os retoques digitais feitos às minhas fotos resultaram num nariz muito bonito, que adorei ver em mim: a ponta passaria a ter um ângulo horizontal, o meu nariz iria ficar um pouco mais equilibrado e feminino, com uma ponte lisa e ligeiramente curvada para fora, a ponta mais refinada, mas arredondada, e com narinas mais discretas.

Saí  do consultório sem uma segunda consulta marcada e sem uma resposta definitiva para o doutor. Precisava de processar toda aquela informação nova e decidir o que queria mesmo fazer. Se optava apenas pela septoplastia, (sem intervenção estética) e deixava o meu nariz a funcionar, mas com o mesmo aspeto, ou se optaria efevtivamente pela rinoseptoplastia, em que tanto a funcionalidade como o aspecto seriam remediados. Era necessário tempo para ponderar bem, e fazer, para qualquer um dos cenários, alguma organização a nível financeiro.

Na semana seguinte, o país entraria em quarentena e não voltaria a ter contacto com o doutor senão quase um ano depois, em Janeiro de 2021. Durante os dez meses que se passaram nesse intervalo de tempo, organizei um plano de poupança maior do que o que já fazia habitualmente, em que o cenário de pandemia jogou inesperadamente a meu favor.

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