quarta-feira, 31 de outubro de 2018

E que tal a Moda do Planeta?

Já quis ter publicado este post há umas semanas atrás, mas na impossibilidade... aqui está.

Parece que o outono se instalou de vez em Portugal. Como é que sabemos que ele chegou? É simples, ficamos confusos porque ACHAMOS que é outono, mas lá fora o tempo ou está típico de Inverno ou típico de verão. Neste caso, trata-se da primeira situação. Bora lá vestir uns vestidinhos ou calções com aquele collanzinho transparente, umas camisolinhas de malha daquela ainda leve, uns casaquinhos de ganga... só que não.

Se numa semana vesti calções e t-shirt, na seguinte nem deu para passar pela fase da roupa de meia estação. Friorenta ao cubo como sou, lá tive que ir resgatar precocemente ao roupeiro os casacos quentinhos, as calças de ganga, as camisolas mais peludas, galochas (mais triste não pode ficar)... e pronto, lá se foram as ideias de mudas de roupa outonais que tinha planeado para um início normal de outono. 

Já acabaram os dias de sol e as ondas de calor de Agosto. Ventania com fartura, temperaturas já a roçar o inverno rigoroso e a chuva. Espero que se cale agora aquela malta infeliz que, durante os já habituais verões portugueses prolongados (como este ano não foi o caso), começa, mal se dá por isso, a desejar de volta “as mantinhas, as lareirinhas, as camisolas de manga comprida, as botinhas, a chuvinha.”

Que verão houve este ano em Portugal? Usei camisolas de lã até Abril, Maio – tenho fotos do meu aniversário que o comprovam! Fui (forçosamente) à praia com os meus alunos nas três primeiras semanas de Julho, e em 15 dias úteis de praia, só 3 ou 4 foram de sol e de calor à vontade, em que me pude despir e ficar de biquini, sem nevoeiros matinais, chuviscos, céu cinzento, ventania a percorrer o areal ou basicamente sujeita a apanhar uma constipação!


O aspeto das manhãs do passado  mês de Julho, na praia da Torre, em Oeiras

Ok que Agosto entrou a matar com uma onda de calor dos infernos. Mas esses foram os únicos dias em que pude efetivamente nadar nas águas da linha de Cascais! Foram os melhores dias de praia que tive. Os únicos dias em que usei tops sem trazer o casaquinho atrás, ou usar calções ou saias sem aquele friozinho desagradável das noites de verão. “Ai, mas não aguento estar na praia com tanto calor!” Pois, eu cá não aguento as águas frias de Portugal continental, nem já sequer as do Algarve. Pelo que só consegui entrar na água nesses dias de calor sufocante. Se puderem um dia visitar Benidorm, que não fica assim tão longe nem é a viagem mais cara das vossas vidas, aí sim venham dizer-me depois o que são águas quentinhas. Por muito friorenta que seja, não me tentem convencer de que a água do mar em Portugal é  agradável. Porque, pelo contrário, está a esfriar de verão para verão em todo o território. O Algarve está deplorável e não faz mais jus à fama que tinha. Não me tentem negar isto!

Dizem que os portugueses passam a vida a falar do tempo, geralmente sempre insatisfeitos com o estado meteorológico que se lhes apresenta no momento. Se está frio e não pára de chover, querem que venha sol. Mas depois o sol vem e já é quente demais. Seguidamente lá começa a vir a vontade de largar os quispos, os cachecóis, mostrar mais um pouco de pele, porque enfim, já cheira a festivais, já não nos entendemos com os bad hair days trazidos pela chuva. Queremos verão, praia, perna à mostra, biquinis, bronze, sedução, e mariquices afins.

Sou portuguesa, também falo sobre o tempo e chateio-me com ele. Agora, se há coisa que nunca vão ouvir da minha boca é “Ai, que saudades do inverno, das mantinhas, da chuvinha, dos casaquinhos” e restantes tretinhas. Sou uma miúda do Verão. Adoro praia, não para estar parada numa toalha de papo para o ar a apanhar sol, mas para mergulhar e nadar toda a tarde. Para caminhar ou correr ao longo da margem. Vou à praia para me mexer. Se quero descansar fico em casa, a apanhar sol na varanda, ou a dormir sestas no sofá. Praia é mar. É a alegria de poder nadar, é estar feliz, é movimento.

E não vou esconder que estou chateada com a porcaria de verão que tivemos este ano. Chegou tardíssimo e foi mega curto. Mas este facto esconde algo ainda mais grave, e do qual o português ou não sabe ou não quer falar porque implica mais do que small talk acerca do estado do tempo:

Gente, a linha que separa o verão do inverno está cada vez mais ténue no nosso país. A primavera e o outono então, quase nem têm tempo de antena, porque passamos de oito para oitenta num ápice, ao longo do ano. Se ontem estiveram 32 graus, amanhã são capazes de vir já uns 12. Para aqueles  que medem a meteorologia usando a roupa, é aquela dor de cabeça do “não sei o que vestir.” Porque ontem esteve um dia maravilhoso de verão, ainda de pé ao léu e hoje já está a chover a potes, e calçar umas galochas é só assim estranho e meio desconcertante. Aconteceu-me. Problemas mortais. Eis o verdadeiro problema:

Rasto do Leslie, a pior tempestade a pisar solo português desde 1842

O furacão Leslie já passou e saiu de Portugal. Há uns valentes dias... e ainda há pessoas a falar nisso. Não só se achou que ia ser o fim do mundo em cuecas, como tive duas chamadas alarmistas e altamente ridículas da minha mãe e da minha avó, que me aconselharam a não passar a noite sozinha em casa, acredite-se... porque, creio, na ideia delas, um prédio robusto de 5 andares como o meu ia certamente desabar todo em cima de mim...
Não querendo desfazer do fenómeno, que acabou por atingir de modo mais imperdoável o norte do país, por terras sintrenses foi só mais um dia normal e cheio de ventania, trazida pela habitual junção do efeito da proximidade do mar e da Serra de Sintra.

Isto de furacões em Portugal é raro. Foi novidade. O suficiente para colocar o povo em polvorosa. Coisas sérias: Há quem diga que Portugal vai, aos poucos, adquirir as características meteorológicas de uma Tunísia. Quente, árido e com pouca chuva. Num ano em que foi dito que se esgotaram oficialmente os recursos naturais do Planeta, assistimos a ondas de calor cada vez mais impiedosas, terramotos diários em diferentes partes do mundo e agora... um furacão Leslie, num país onde não existem furacões, que alarmou toda a gente. Então mas os furacões não eram mais típicos de uma América? Nos States são o prato do dia...

Pois é, mas tal como os especialistas que defendem um cenário tunisino para Portugal daqui a uns tempos, há também os que dizem que vamos ser visitados por furacões muito mais vezes e que estes vão passar a ser cada vez mais frequentes em terras lusitanas.

Então e que tal pensar sobre estes fenómenos meteorológicos? Não? Nos porquês? A Terra está cada vez mais quente e as placas tectónicas vão mexer-se com mais frequência, com o calor que aumenta de ano para ano. A atmosfera está saturada de tudo o que é tóxico e a natureza não podia estar mais confusa. Seriam precisas 1,7 Terras para sustentar o atual nível estimado de recursos necessários às atividades humanas - é tão simples e grave como isto. O que fazemos para ajudar? Queixamo-nos. Queremos verão quando está frio, e queremos inverno quando está calor. Não reciclamos, não abrandamos o consumismo, não mudamos comportamentos. As nossas modas egoístas sobrepõem-se a tudo o resto. Os invernos portugueses são cada vez mais longos e rigorosos, a chuva insuficiente, os verões curtos, e as estações intermédias inexistentes.
Pior do que isto, só ver imagens como esta, divulgadas este ano.

Poluição ao largo de uma Ilha no Pacífico

O que é que cada um de nós faz? Assistimos, impávidos, chateados com a mudança das estações. Preocupamo-nos com o que vestir, com os cabelos estragados pela chuva, com os verões demasiado curtos (sou suspeita,vá). Preocupamo-nos com adesões a mil e um direitos humanos da moda, morremos a tirar selfies, juntamo-nos a movimentos só porque sim. Fingimo-nos cultos e doutrinados em mil e um assuntos, citamos quotes infelizes da internet para provar que temos algo de filósofo em nós. Queremos acreditar que somos diferentes e especiais através de demandas pouco realistas.Temos os olhos colados aos ecrãs dos telemóveis desde que acordamos até nos deitarmos. Mas somos incapazes de erguer os olhos para a Natureza.

Relembro com alguma nostalgia os tempos de criança em que haviam programas televisivos dedicados a informar sobre o planeta, o ambiente e como o defender, com os quais aprendi. Denver o Dinossauro, Widget o Extraterrestre, Ocean Girl, O Verdocas. Bolas, tínhamos o Michael Jackson, que dedicava álbuns inteiros e singles ao planeta e à defesa do ambiente. Ainda hoje é a celebridade mais caridosa registada no Guiness World Book of Records, que mais doou da própria fortuna para ajudar o Ambiente (e outras importantes causas humanitárias). Onde está manifesta a preocupação com o planeta entre os artistas de hoje em dia? Porque é que isso deixou de ser moda? Já agora, porque é que o Ambiente e o Planeta têm de chegar ao estatuto de Modas para que as pessoas as sigam?

Desde quando é que o ambiente deixou de ser um assunto prioritário? Como poderão existir quaisquer direitos humanos pelos quais lutar, se não existir um planeta primeiro?
Porque é que ninguém recicla e faz a sua parte? Porque é que continuamos a preferir o transporte próprio ao transporte público? Porque é que é tão importante para tanta gente ter um carro? Ainda por cima poluidor? Porque é que se compra compulsivamente? Em marcas que pouco se preocupam pelo ambiente? Porque é que não reduzimos o consumo de animais? Porquê o contínuo e desrespeitoso hábito de deitar lixo ao chão? Ou pelas janelas?! Porque é que o português suja, destrói, rouba, vandaliza? Temos uma das capitais mais sujas da Europa. Uma Lisboa colorida, musical, bonita, mas poluída e grafitada por todo o lado...  E não teria onde acabar a lista.

Que linda, a nossa Lisboa
Quando era pequena pedi aos meus pais que comprássemos um daqueles ecopontos de ter em casa. Os separadores eram demasiado pequenos e enchiam-se várias vezes ao dia. Acabou por não ser tão prático por essa razão. Mas o hábito ficou, e apesar de não ser perfeita, dou o meu contributo ao planeta, separando cuidadosamente o plástico, do papel, do vidro. Cada material num saco. Serei sempre defensora do ambiente e da Natureza. Não há que ter um ecoponto bonito, por vezes pouco prático e caro dentro de casa. Sacos do lixo e boa vontade servem. Mas cheguei ao extremo de conhecer um vegetariano que nem a separação do lixo fazia. Os vegetarianos, que são os primeiros a ter o Ambiente ao peito, a falhar em algo tão simples e básico como a separação adequada do lixo.


Gostava muito que as pessoas parassem com modas pouco urgentes e pensassem em coisas sérias de verdade. O ambiente TEM de ser respeitado porque (novidade!) é a nossa casa. Antes de nos debruçarmos sobre os problemas da nossa casa, há que efetivamente TER uma casa. Antes de aderirmos ao movimento da moda, nos queixarmos do tempo que faz, da chatice que é, das roupas que não sabemos quais vestir, pensemos no planeta, no que fazemos por ele, e se merecemos mais do que aquilo que ele (egoisticamente) nos continua a dar. Num mundo em que as modas fazem as pessoas, se for necessário elevar o estatuto da Terra a uma moda, que seja. É triste, porque Ela é muito mais do que isso. Ainda mais tristes são os que não vêem isso. Os que não A vêem.

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Arte, por onde andas?

Como pequena artista que me considero desde os 2 anos, a Arte é indissociável de mim, e é um tema que me afeta de sobremaneira. Com algumas saudades da cadeira de Arte e Cultura, que pude felizmente estudar em Comunicação, é sobre a grande ausência da Arte nos nossos dias que queria falar hoje. Se são minimamente interessados na área, penso que gostarão de ler este texto, que preparei orgulhosamente durante dias. E no fim do texto, direi porque digo orgulhosamente.

Leonardo Da Vinci, Miguel Ângelo, Vermeer, Rembrandt. Durante séculos, vários foram os mestres da Arte que enriqueceram a sociedade Ocidental com trabalhos de beleza inigualável. Obras como A Pietá, Giocconda, David, toda a Capela Sistina, foram só algumas das expressões artísticas que não só inspiraram, como também motivaram e aprofundaram o ser humano ao longo das Eras. Para a execução destas obras magníficas, estes génios da Arte exigiram de si próprios nada menos que os mais altos padrões de excelência, superando-se em relação ao trabalho dos mestres que os precederam e continuando sempre a aspirar à mais alta qualidade possível e alcançável no seu trabalho.
Teto da Capela Sistina
Mas algo aconteceu algures pelo século XX, onde a verdadeira Arte, na minha opinião, morreu. O Profundo, o Inspirador e o Belo foram substituídos pelo Novo, o Diferente e o Feio. Nas entrelinhas, surgiram a Arte Moderna, o Contemporâneo, a Pop Art, e semelhantes tentativas de substancializar Arte que não o é verdadeiramente. Nos nossos dias, o Patético, o desprovido de sentido ou o puramente ofensivo são considerados o melhor da Arte Moderna.Como é que morre assim todo um milénio de ascensão à Perfeição e à Excelência? Talvez não tenha morrido per se, mas lá que foi empurrado para bem longe, foi.

Petra
Tudo começou com os Impressionistas dos fins do século XIX, que se rebelaram contra a Académie des Beaux Arts e contra o Padrão Clássico por ela exigido e doutrinado. Estes modernistas rebeldes iniciaram então o começo do chamado Relativismo Estético – A ideia de que “A Beleza está nos olhos de quem a vê.”
Tal como acontece na maioria de todas as revoluções, a primeira geração destes rebeldes até produziu obras de mérito genuíno. Monet, Renoir e Degas ainda mantêm, na sua obra, traços de desenho e de execução bem disciplinados. 

Harmonia Rosa, de Monet
Baile em Moulin de Renoir
Prima Ballerina, de Degas
Mas os padrões viriam a decair com a vinda das gerações seguintes, até deixarem de existir padrões. Tudo o que sobrou desta brincadeira foi a Expressão Pessoal.

A ideia de Padrão Universal de Qualidade encontra hoje em dia uma forte resistência, chegando a ser ridicularizada. Os Padrões Universais, que nos trouxeram obras como a Pietá, são hoje confrontados com o Relativismo Estético, de onde saiu, por exemplo, Petra, a escultura alemã galardoada em 2011, de uma mulher-polícia, agachada, a urinar urina sintética. Sem Padrões Estéticos não há maneira de determinar qualidade ou inferioridade numa obra.

Qual a diferença entre um quadro de Jackson Pollock e a mesa de trabalho sobre a qual os meus alunos fazem trabalhos manuais? Se o quadro de Pollock é considerado Arte, deverá uma mesa salpicada de tinta ter o mesmo estatuto? Quem ou o que é que determina a Qualidade neste caso?

Não só diminuiu a qualidade da Arte, como a sua subjetividade perdeu transcendência, dando lugar ao Vulgar. Onde antes tínhamos artistas que alicerçavam os seus trabalhos na substancialidade e integridade de áreas como a História, a Literatura, a Religião, a Mitologia, hoje temos ‘artistas’ que usam a sua 'arte' para fazer afirmações, os chamados statements. “Eu estou aqui”, “Olhem para mim”, “Este sou eu”, “Eu sou especial”. Muitas destas afirmações, não raras vezes vêm acompanhadas do fator choque, sem o qual muitas obras não se sustentariam. 
Que m... aravilha é esta?
Toda a gente adora os Impressionistas de hoje em dia - na Arte e fora dela. Bora lá ser do contra, ser diferente, chocar a malta e ainda ser um Artista por isso, ou pelo menos ser falado. Os grandes Mestres do Passado também fizeram afirmações, claro. Mas nunca à custa da excelência visual e substancial das suas obras. 

A comunidade artística também tem muita culpa disto. A Arte Moderna existe porque é fácil e rápido encher espaço num museu vazio. Os diretores desses museus, proprietários de galerias de Arte e os críticos incitam e financiam a produção de autênticos disparates, sendo os primeiros a dizer que aquilo tem um peso, que é magnífico...  Sem nunca se aperceberem de que estão, de facto, a representar o papel do Rei, no conto “O Rei vai Nu”.

Porque é disso que a Arte Moderna hoje se trata – de uma interminável e ridícula peça de teatro baseada na história d ‘O Rei vai Nu’, onde alguém nos incute de que tudo são peças de Arte e que, se não vemos Arte na tela amarela às pintinhas roxas à nossa frente, que podia ter sido pintada pelo nosso filho de 2 anos, é porque somos burros, artisticamente incultos ou então algo não está bem connosco. Mas as pessoas que nos tentam incutir isso, tal como o Rei do conto, sabem perfeitamente de que não está lá Arte nenhuma. É por isso que um museu Joe Berardo é (lamento a qualquer fã) uma perda de neurónios, e nunca vai estar ao nível de enriquecimento cultural de um Louvre.

Museu Joe Berardo

Galeria Apollo, Museu do Louvre
Se eu colocar os meus óculos em cima de uma bancada, num museu de Arte Moderna, alegando que aquilo é Arte, só tenho pena de quem acreditar em tal absurdo. O mesmo se aplica a uma tela em branco que contém apenas uma bola de cor lá dentro. Ou a uma cadeira de aço retorcido no meio do corredor do museu. 

Na minha modesta opinião, essas “obras” transmitem a mensagem de que eu, como espectadora, não sou merecedora do tempo do artista, de que não valho o esforço dele para ser impressionada. Os verdadeiros artistas colocaram engenho e arte, tempo, suor e dedicação às obras hercúleas e imortais que todos conhecemos. Os Luísadas não foram escritos num só dia, tal como a Capela Sistina não foi pintada num mês, nem a estátua da Pietá foi esculpida num ano. É por isso que merecem a nossa admiração e maravilhamento. Houve um esforço do artista em se superar, e imortalizar-se, ganhando a nossa consideração, querendo o máximo da perfeição.

Muitos dos pseudo-artistas de hoje são um bando de pessoas preguiçosas que não têm o estímulo nem a vontade necessários para fazer algo digno de ser sequer bom. Então chamam Arte ao que quer que criem. E como pseudo-artistas que são, só lhes resta esperar que todo o rebanho neo inteligente, desprovido de qualquer talento ou capacidades para reconhecer Arte, olhe para aquilo, cofiando uma barbicha invisível no queixo, e diga “Arte!”.

Os desenhos animados rápidos, pouco artísticos e de informação inútil ou ridícula vistos pela criançada de hoje em dia
As verdadeiras obras primas da Animação, a que muitas crianças deviam ter acesso
Infelizmente não se trata só da Arte. A cultura dos tempos modernos detesta a objetividade no geral. Adora sim relativizar culturalmente a moralidade, o subjetivismo e a valorização de sentimentos acima de factos. Tudo deve ser aceite e tolerado, excepto standards ou padrões objetificados. O Relativismo Artístico, tal como o relativismo moral, é puro cancro na nossa civilização.

Penso que os artistas de hoje valorizam esta falta de padrões/ standards e qualidade mensurável porque isso permite aos sem talento, e a quem faltam capacidades e dons sentirem-se ao mesmo nível dos melhores ou de um bom artista. É como estar num pedestal invisível e estar “no topo”, como estão os melhores, e sentirem-se ao nível de um Da Vinci. O dinheiro fácil a que vendemos e compramos tudo hoje em dia, dá a estas pessoas a ideia de que: “Uau! Há realmente quem PAGUE por isto – um quadro todo vermelho.”
Sim, isto!...
Não só não se tentam melhorar como criadores, fazem com que literalmente pareça que não houve ali nenhum esforço, ao ponto de querer fazer o espectador pensar que não pode ser assim tão simples, que houve mesmo algum trabalho por detrás daquela “obra”. Que há algum valor que eu não vejo, mas que os outros aparentemente vêem. (Mas também não vêem). E assim se dá valor a qualquer porcaria que se tente criar. Essas criações prescindem de algo novo, único ou bom, de modo tão dolorosamente óbvio que os seus autores tentam compensar esse vazio de valor através do fator choque.

A rapper Nicki Minaj a vender o seu... talento
Miley Cyrus num dia normal em cima do palco
Porque é que na Música de hoje em dia tantos Artistas precisam de chocar? Porque é que tantas artistas femininas, por exemplo, têm de se despir, dançar em poses pornográficas e abanar o rabo nos videoclipes ou atuações ao vivo das suas músicas? Porque é que os temas predominantes na música de hoje são o ter dinheiro, ser-se rico, famoso, ou sexy? Qual é a substancialidade dessas mensagens agressivas, disfarçadas de empoderamento? O que é que estes ‘artistas’ têm tanto a provar de modo tão aguerrido, ao seu público, que não seja o seu talento para a música? Provavelmente não o têm... por isso precisam de chocar.
Celine Dion, a bem comportada artista feminina que mais discos vendeu na História, que gravou a música do Titanic num só take e a quem muito poucos dedicam o seu tempo cultural
Porque é que temos de ser todos vítimas deste mau gosto? Não o sendo. Formando a nossa opinião, senti-la e dá-la a conhecer quando adquirimos uma obra. Afinal de contas as galerias de arte ou a indústria da música são um negócio como qualquer outro – se o produto não vende, será descontinuado. Há que celebrar o que sabemos ser bom e ignorar aquilo que não o é.



Orgulhosamente porque tentei colocar o melhor de mim nesta publicação. Tive respeito pelo público ainda pequenino que sei que me acompanha. E demorei a fazê-lo, porque quis que fosse bom. E as coisas boas levam tempo. A Arte boa leva tempo. Não querendo com isto dizer que este artigo seja uma forma de Arte, de todo. Mas é uma forma de mostrar a minha faceta exigente, aplicada e perfecionista. Qualidades típicas de qualquer artista. E só por ter feito esta rima, ein? Já serei uma? Obrigada por lerem até ao fim <3
                               



sábado, 6 de outubro de 2018

Review: Batons FLORMAR




Adoro coleccionar batons. São divertidos, versáteis e bons salva-looks, capazes de alegrar qualquer outfit ou situação, com mais ou menos maquilhagem no rosto, estejamos mais produzidas ou mais casuais. As minhas mais recentes aquisições são da Flormar. Pode já não ser, por esta altura nenhuma marca-novidade, mas anyway...

Pelos vistos, esta marca turca está espalhada por 104 países, incluindo Portugal. Com uma variedade de produtos que abrange desde vernizes, a produtos de rosto, a iluminadores, a sombras até acessórios de maquilhagem, a Flormar é hoje uma das 500 maiores empresas da Turquia. - (chega, lado jornalístico maçador!)

Sendo eu uma perdida por batons, (líquidos e matte, então!) não pude deixar de experimentar a linha Silk Matte da marca. Não havendo, na minha opinião, melhores batons líquidos do que os 'Lingerie' da Nyx, não esperava grande coisa destes. Mas surprise:

Admito com alguma incredulidade que os Silk Matte da Flormar têm um acabamento mais aveludado do que os da Nyx e não deixam sensação de sequidão nos lábios. O aplicador é suave, pequeno e imóvel, o que ajuda imenso, e a sensação nos lábios é de uma grande maciez. O cheirinho é açucarado e têm boa durabilidade. Aguentam durante grande parte do dia. A pigmentação é excelente e obtemos uma boa cobertura com uma só aplicação. Pessoalmente coloco duas. A embalagem é compacta e prática, perfeita para andar connosco. Não lhes encontro um defeito.

Não são um mau negócio se pensarmos que estes, não só são apenas uns cêntimos mais caros que os 'Lingerie' da Nyx (7,19€) como me parecem ser surpreendentemente melhores. Trazem também mais 0,5ml que os ditos.

Os dois amiguinhos que trouxe comigo para casa são os números 06 e 11. (Cherry Blossom e Misty Rosy).

Silk Matte Liquid Lipsticks nºs 06 e 11
O 'Cherry Blossom' é um rosa malva nude, colorido, mas muito versátil, que resulta quer em looks de verão como de inverno. É um rosa bonito e romântico. O 'Misty Rosy' é um Malva mais poeirento, já a puxar para o rosa velho, e que grita OUTONO! Ficará lindo com as roupas mais quentinhas do tempo frio que se aproxima.  


  
Vamos fazer de conta que a aplicação foi perfeita, ok?
Duram imenso ao longo do dia, mas convém dar um retoquezinho nos lábios após as refeições. Outra coisa que faço, e que recomendo no que toca à aplicação de batons matte, é aplicar um bom primer primeiro, que preencha as linhas finas dos lábios. Isto ajudará não só a criar o aspeto de lábios mais plump como facilita toda a aplicação dos batons.

Há mais um amiguinho de que quero falar: o LIPLINER Waterproof,  na cor 217. 


É um delineador de lábios que gosto de usar como batom. A cor é um magenta muito suave e usável para o dia a dia. Muito estilo Dakota Johnson, quase que a roçar os tons de vermelho, mas sem o ser, o que adoro. O lápis tem uma fórmula cremosa, que ajuda quer para efeitos de delineador, quer para preenchimento dos lábios, assemelhando-se a um batom comum.


Em Lisboa podem encontrar lojas da Flormar na Galeria Comercial do Campo Pequeno, no Atrium Saldanha ou no Alegro Sintra, se forem da minha zona. As lojas abundam mais pelo norte do país, onde existem vários locais de venda. De qualquer modo, a Flormar e os seus produtos estão à venda online na Mass Perfumarias. De nada!

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

As melhores pequenas sensações do mundo

Ultimamente tenho-me sentido tão grata pela minha garrafa de água, pijama e cama, entre outros, que me senti na necessidade de escrever sobre as pequenas coisas do dia a dia às quais nem sempre damos o devido valor, mas que são algumas das melhores sensações do mundo. Obviamente que são mais de dez, mas estas são algumas das que me ocorrem neste momento.

1. Quando estamos sem comer o dia todo e comemos finalmente um prato de boa comida. Mmm.. essa sensação é ótima, tal como a sensação de barriga satisfeita. Nem sempre sendo confortável, sentirmo-nos cheios não deixa de ser uma bênção, não é?

2. Beber quase que um barril de água pura e fresca depois de uma caminhada enorme qualquer em que não trouxemos água connosco pelo caminho. A sensação de estar a morrer de sede há séculos e de finalmente saciar essa sede tem de ser mesmo uma das melhores do mundo. 

3. Acordar ao fim de uma boa e longa noite de sono. Aquele feeling de nos sentirmos refrescados e com energia suficiente para escalar o Monte Everest, faz-me sentir que é um magnífico dia e que posso fazer coisas maravilhosas com ele.  E o aspeto luminoso e saudável com que a nossa pele fica depois de uma noite assim? Melhor que isto, só mesmo acordar mais cedo e descobrir que ainda podemos dormir mais umas horas. O que me leva ao ponto seguinte...

4. Dormir. Mesmo antes de adormecermos, deixarmo-nos afundar no conforto e maciez da nossa cama. Confortável e relaxada, sem ninguém a incomodar me. A mente fica vazia e a única coisa que invade os vossos pensamentos são o quão estão confortáveis e descansados. Se dormirem numa king size bed como eu, saberão do que estou a falar.

5. Sentirmo-nos inspirados. A sensação de que aprendemos, vimos ou assistimos a algo novo e a inerente alegria repentina de nos sentirmos felizes e motivados logo a seguir.

6. Desmaquilhar o rosto. Que sensação de limpeza e de felicidade quando, ao fim de um longo dia, removemos toda a oleosidade, poluição e maquilhagem do rosto. Dormir sem limpar o rosto é um atentado à saúde da nossa pele. As toalhitas desmaquilhantes servem para as mais preguiçosas, mas nada como a limpeza integral. É uma das minhas pequenas melhores sensações favoritas!

7. BANHO!!! Se não fossem as malditas contas do SMAS, bem que passava tardes inteiras debaixo de água. Adoro tomar banho, é algo que elevo ao nível de um ritual. Que bom chegar a casa, cansados, transpirados do treino, da caminhada, do dia de calor, o que seja, e ter um bom banho refrescante ou quentinho, conforme a situação, e deixar que as nossas inquietações e sujidade se sumam pelo ralo abaixo. E o cabelo magnífico com que ficamos depois?

8. Chegar a casa ao fim de um longo dia de trabalho. Quão bom não é chegar a casa, suspirar de alívio, pontapear os sapatos para algures e afundar no sofá?

9. Quando finalmente terminamos a limpeza da casa, um projeto, uma tarefa pesarosa. Que sensação de WIN! Sinto-me sempre ótima quando, depois de limpar o apartamento, fico a contemplar o brilho do chão e sinto o cheirinho a produtos de limpeza no ar. É tão gratificante. Especialmente depois de uns bons dias a procrastinar a maldita limpeza.

10. Contemplar a vista da janela. Por mais que seja sempre a mesma paisagem, os mesmos prédios, as mesmas árvores, há sempre algo de novo na vista que temos das nossas janelas. Os tons do céu nunca são iguais e há sempre um novo gato, uma nova flor, uma pessoa que passa, em diferentes situações. Atrás da minha casa tenho um amplo parque verde, onde vejo crianças a brincar ou pessoas que descansam e conversam à sombra. Há também um refúgio de (muitos) gatos (giros!), tratados e alimentados pela Câmara de Sintra (Só que não dão mão...!). Nos prédios que avisto da minha janela, há sempre filas diferentes de cores nos estendais das janelas ou varandas. 

Talvez nem todos tenhamos paisagens bonitas quando vamos à janela. Mas ir à janela, por breves minutos que sejam, não deixa de ser um momento só nosso, onde as coisas mais triviais que avistamos nos trazem memórias, nos inspiram e nos relaxam.

Claro que existem muitas mais pequenas boas sensações. O cabelo acabado de secar, ouvir as minhas músicas favoritas e sentir o sol no rosto são algumas menções honrosas. Quais são para vocês as melhores sensações do mundo?